quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O BARCO

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Há no oceano
um barco à deriva.
O mar está revolto
e no barco está o ser que mais amo... sozinho.
Grito em vão que abandone o barco
jogo a bóia da salvação.
Meu grito ecoa por entre as duras rochas.
Não quer abandonar o barco.
Se apega ao que nele antes viveu.
Foram momentos felizes.
Mas agora está só. Perigosamente só...
As ondas levam a bóia para longe.
Meu desespero aumenta junto à tormenta do mar.
As ondas jogam o barco de um lado para o outro.
Sinto que vai naufragar.
Mas agora nada mais posso fazer.
Um abandonou o barco, covardemente.
Mas o ser que mais amo
está lá, lutando... Tem esperança.
Sinto no mais fundo da alma
um frio intenso.
Já não grito.
Já não tenho forças.
Alguém luta desesperadamente,
sozinho...
Observo assustada.
Não entendo porque insiste em lutar.
Meu coração se alarma.
Percebo que não abandona o barco por medo
e não por coragem.
Observo estática.
De repente uma onda se agiganta
e se lança sobre o barco.
Acabou...
O barco é sugado vertiginosamente para o fundo.
Para o infinitamente fundo.
E agora, também estou sozinha.
Não sei se tenho coragem
de abandonar o meu barco.
 
                                                 30/06/10