segunda-feira, 3 de maio de 2010

PELA ESTRADA DA VIDA





De repente, aquele grande amor que parecia eterno acaba-se. E você vai vivendo de lembranças. Levando pela infinita estrada da vida, a dor da desesperança. A dor de um coração cheio de solidão. O sofrimento de um passado jamais esquecido. A saudade de um rosto querido.
Levando junto de si, a desilusão e a solidão.

DESILUSÃO







Uma ilusão desfeita
apaga do olhar
o brilho que enfeita


Todo coração
fica entregue a solidão
Todo o amor
se transforma em saudade


O tempo parece parar
e o sofrimento nunca mais acabar
A razão de viver já não existe
e você fica triste


Mas o tempo passa
e uma nova razão de viver renasce
É uma nova ilusão
que vem matar a desilusão..
                                                


                                                   13/02/1978

A ESTRADA

Na estrada,
a escuridão de uma noite
em que a lua se fez ausente
Nenhum trausente




Somente um carro
que corre veloz
querendo correr mais que o tempo
querendo ultrapassar o vento




Não tem lugar certo para chegar
E quem o faz voar
não tem a quem amar!


04/02/1978

TUDO VAI SE ACABAR

Para que dizer que te amo
Porque dizer que te quero
Afinal para que te amar
Se existe o mar


Porque te querer se existe
o céu, o azul, as ondas do mar, o infinito
Porque te querer se você
Não é um mito


Porque não amar somente
A terra, o sol , o vento, a chuva,
o fogo ardente, a fonte
Porque te querer se existe o horizonte


Para que te amar
Se tudo vai se acabar...

03/02/1978

A BUSCA

Com o olhar distante
busca algo
perdido na vida
deixado no passado

Ela espera encontrar
no meio da escuridão do seu esquecimento
alguma coisa que um dia
lhe fez feliz

Mas a busca é inútil
sua vida foi fútil
nada há para encontrar

Então tristemente
tenta no presente viver
para deixar o passado morrer

20/01/1978

ROTINA

Todo começo do dia é igual
sempre o mesmo ideal
de fazer viver aqueles que à noite
pensaram em morrer

Sempre o mesmo ideal
de fazer renascer a esperança
naqueles que a perderam em um sono inquieto
como planejado por um arquiteto

De fazer sorrir
aqueles que só querem chorar
as mágoas que sempre vão existir

É a rotina
Mas ela ainda não termina
é teimosa como uma menina
continua até o fim do dia
quando a pressa nas ruas
se parece com festa

E sempre assim
As pessoas querem chegar em casa primeiro
como se fossem ganhar um prêmio
por saberem andar ligeiro

Tudo se repete
Tudo é repetido
as mesmas ruas
os mesmos bares
os mesmos ares

O barulho dos carros
a fumaça solta pelos ares
é a poluição
prejudicando a audição e a visão
acabando com a população
Isto também já virou rotina

Chega em casa
olha a janela do vizinho
lá está a cortina descida
Até este olhar e a cortina
já viraram rotina

São poucas as pessoas
que conseguem fugir da rotina
A noite chegará
e a rotina continuará

Deitado na cama
você pensará em morrer
Mas o começo do dia
fará você ver que ainda vive
E como um escravo leal
você seguirá o seu ideal
que é a rotina...

14/12/1977

O QUE É PRECISO


Amar, e não somente gostar
Agradecer o favor
e esquecer a dor
Lembrar-se que existe
e não ficar triste


É também preciso viver
sem pensar em morrer
Esquecer para não sofrer
É preciso deixar o amor entrar no coração
para não se viver na solidão


Deixar livre os cabelos das crianças
sem prender-lhes com tranças


É preciso não desistir de sorrir
Cantar para não chorar
É também preciso gostar
do amanhecer
do entardecer
e tambem do anoitecer...

29/10/1977

QUANDO AS LUZES SE APAGAREM


Quando o silêncio se fizer escutar. Quando as luzes se apagarem. Quando não se ouvir mais nada além do silêncio (sabes escutar o silêncio?). Deste silêncio maravilhoso; quando já estiveres deitado; então... lembre-se de mim. Não se esqueça que existo.
Procure ver meu rosto na escuridão, escutar minha voz no silêncio. E se não conseguires, durma. Então verás meu rosto e ouvirás minha voz em um sonho. E se não sonhares, acorde. Ouça minha voz e veja meu rosto no teu pensamento.
Mas se não conseguires pensar, então... esqueça-me!


28/10/1977

FUGINDO DA VIDA

Olhem... parem
Não estão escutando algo?
Sim são passos. São passos vacilantes, medrosos.
Mas... ouçam. Estão agora apressados, pode-se perceber que estão a correr.
Veêm daquelas ruas. Aquelas ruas ali. Não estão vendo?
Estão vindo daquelas ruas escuras do lado de lá.
Estranho, com tantas ruas cheias de luz tem alguém a caminhar em uma daquelas ruas sem luz, escuras...
Quem será?
Não posso ver, lá está escuro demais. Mas já posso saber de quem se trata.
Esses são passos de uma pessoa sofrida, desesperada.
Estão a caminhar nas ruas de sua vida.
No começo, quando seu passos eram vacilantes, estava à procura das ruas cheias de luz; mas, vencida pela loucura ela desistiu de procurá-las, e agora está correndo.
Correndo da vida, em busca da morte.


28/10/1977

DESATINO


Olhos sem luz
coração que não reluz
Corpo sem alma
vida sem calma


Sorriso triste
Esperança que não existe
Olhar caído no chão
coração ferido por paixão


Tentar te esquecer
na loucura viver
de loucura morrer

28/10/1977

SAUDADE


Saudade da idade passada
Saudade dos sonhos sonhados
Saudade de um rosto querido
deixado na vida perdido


Saudade do que se viveu
por alguém que já morreu
Saudade da ilusão
que se teve no coração


Saudade da infancia
que ficou na distancia
apenas com lembrança


Saudade de alguém
que ficou no além
Saudade da canção
ouvida com emoção


Saudade... apenas saudade!

18/10/1977

LIBERDADE







Liberdade é não ter que se preocupar com nada.
É sorrir quando sentir vontade.
É andar pela rua sem saber quando parar.
É apanhar um rosa e sentir o espinho lhe ferir a mão.
É ficar parado, olhando o "nada" em busca de "nada".
É sair sem saber quando voltar, partir sem precisar retornar.
É deixar os pensamentos voarem para longe, sem temer que eles se percam.
É deixar livre os pensamentos.
É viajar para um lugar imaginário.
Liberdade é saber morrer com simpatia...
                                                  
                                                       18/10/1977

A NOITE

A noite é sinistra e bela.
É durante a noite que podemos escutar o silêncio. Um silêncio às vezes tranquilizante, às vezes perturbador.
É também à noite que nossa mente cria fantasmas. Fantasmas de nossas fantasias.
Porque a noite , pensando bem, é linda e inofensiva.
18/10/1977